sexta-feira, 29 de junho de 2007

Miss Pokémon

LHC - O Grande Colisor de Hádrons


O LHC (Large Hadron Collider) é um acelerador de partículas da classe: Foda!
Ainda se encontra em processo de construção, mas tudo indica que entre o final de 2007 e inicio de 2008 entre em operação se tornando o maior acelerador de partículas do mundo, o que para muitas pessoas significa: a maior Arma de Destruição em Massa do mundo.

Vista aérea do LHC - Linha branca representa o anel do acelerador

Localizado entre a França e Suíça, a profundidades que variam de 50 a 150m, o LHC possui 27km de circunferência[1] para acelerar partículas através de grandes campos elétricos, confinadas em campos magnéticos intensos até níveis de energia da ordem de 7 TeV[2]. Ao atingir tamanha energia elas colidem umas com as outras, frente-a-frente, cada uma com essa energia máxima que somadas dariam 14 TeV na colisão! Através dessas grandes colisões os Físicos podem estudar características da estrutura da matéria que não podem ser estudadas a baixos níveis de energia, como os componentes das partículas elementares e seus comportamentos.

Mas como essa maravilha tecnológica pode nos fazer mal? Você pode achar que o LHC só pega uns prótons de merda e brinca de bate-bate… mas ai é que você se engana, estamos diante de um dispositivo que pode gerar as maiores catástrofes já concebidas (ou todas juntas).

Caos no setor aéreo dura um ano

Caos no setor aéreo dura um ano


“Relaxa e Goza...”



Há 5 anos no poder, o único gasto de Lula da Silva “com a aeronáutica” foram os R$ 56 milhões do Aerolula, comprado na Alemanha – nem emprego aos brasileiros aquele gasto astronômico gerou! Os R$ 56 milhões entraram – e saíram – da verba da Aeronáutica.

Militares – controladores de tráfego aéreo aí incluídos – tiveram seu último reajuste no governo Itamar Franco. Dali para cá, nem um centavo. Lula da Silva os insultou com a promessa – jamais cumprida – de conceder 1%. O único efeito prático daquela proposta foi, na prática, uma REDUÇÃO nos proventos.

Não se realizou, em 5 anos, uma única obra de manutenção ou reparos na infra-estrutura aeroportuária nacional. De “ampliação” sequer se cogitou, pois os banqueiros, a quadrilha dos donos do poder no Brasil, não aprovou.

Os equipamentos do CINDACTA são ainda os mesmos instalados à época da Ditadura Militar, com manutenção precária realizada pelos mal-formados, pessimamente remunerados e totalmente desestimulados sargentos e oficiais técnicos da área. Fazem o que podem e é quase um milagre que o sistema esteja em razoável estado de funcionamento.

Diante desta deterioração, descaso e incompetência – além da falta de vontade política por parte do governo Lula da Silva neste assunto – o resultado era mais do que previsível.

Há cerca de 1 ano, em todos os finais de semana, com agravamento nos feriados, os aeroportos se transformam num pandemônio. Como Deus é brasileiro e o brasileiro é muito mais cordato que o argentino, por exemplo, o que sobra da infra-estrutura não sofre o ataque raivoso da massa insatisfeita como no país vizinho.

O primeiro dedo apontou na direção das empresas aéreas e levantou a suspeita: “overbooking!” Os outros quatro – da mão que tem 5 dedos – apontam na direção do dono:

1) Gastos exorbitantes em momento inoportuno com o avião mais luxuoso “destepaíz”, o Aerolula.

2) A falta de recursos e uma gestão bastante discutível do ponto de vista moral, deixam a Aeronáutica e a Infraero incapazes de levar a cabo qualquer ação corretora – ou sequer minimizadora – do problema.

3) Toda a infra-estrutura aeroportuária, que vai da manutenção e/ou ampliação de pistas de pouso e decolagem até a capacitação e valorização humana do aeronauta – em especial dos controladores de vôo e equipes técnicas de manutenção – TODA a infra-estrutura, enfim, está sucateada e em processo de deterioração cotidiana.

4) O governo Lula da Silva, sem vontade política de fazer investimentos no setor, vai e vem dando ordens contraditórias, desautorizando autoridades e voltando atrás, fazendo promessas mil sem jamais cumprir uma que seja...

Revolução Cubana

Revolução Cubana

A queda de Batista (1953-1959) – Cuba vivia, desde 1952, sob a ditadura de Fulgêncio Batista, que chegara ao poder através de um golpe militar. Batista era um ex-sargento, promovido de uma hora para outra a coronel, depois da chamada “revolução dos sargentos” que depôs o presidente Gerardo Machado, em 1933. Sete anos depois, em 1940, Batista foi eleito presidente. Concluído seu mandato, manteve-se distante do poder durante o governo de seus dois sucessores, para retornar novamente à ativa em 1952, com um golpe.
Contra a ditadura de Batista formou-se uma oposição, na qual se destacou o jovem advogado Fidel Castro, que em 26 de julho de 1953 atacou o quartel de Moncada, com um grupo de companheiros. O ataque fracassou e foram todos encarcerados, mas o ditador anistiou os rebeldes em 195. Fidel, impossibilitado de agir devido à rigorosa vigilância policial, procurou exílio no México, onde reorganizou suas forças. No final de 1956, retornou a Cuba no barco Granma, carregado de armas para iniciar o confronto militar com Batista.
O plano de desembarque, porém, fracassou, e Fidel teve que se refugiar com os companheiros em Sierra Maestra, de onde começaram as operações guerrilheiras. Essas operações tornaram-se cada vez mais organizadas e o movimento guerrilheiro cresceu em força e apoio popular enfrentando o poder do ditador.
A selvagem repressão desencadeada por Batista aumentou sua impopularidade a tal ponto que, em 1958, os Estados Unidos acabaram suspendendo a venda de armas para o ditador. Em 8 de janeiro de 1959, depois de uma bem-sucedida greve geral, Batista foi derrubado e as tropas de Fidel entraram em Havana.
Manuel Urritia Manzano, moderado opositor do regime Batista, ocupou a presidência, e Fidel foi indicado primeiro-ministro. Alguns membros do Movimento 26 de Julho – nome da organização político-guerrilheira chefiada por Fidel – também ocuparam cargos ministeriais.
A organização de Fidel desfrutava de uma simpatia generalizada entre os cubanos e, a princípio, manteve-se eqüidistante do comunismo e do capitalismo. Os cubanos esperavam, por isso, que se instalasse um governo constitucional, um sistema democrático-representativo nos moldes conhecidos das repúblicas burguesas.

A radicalização – O fuzilamento dos inimigos da revolução (o famoso paredón), as reformas urbanas que obrigaram a baixar os preços dos aluguéis e a reforma agrária, de profundidade sem paralelo na América, eram manifestações de radicalismo que começaram a inquietar os moderados e, no plano externo, o governo dos Estados Unidos.
A resistência do presidente Urritia à radicalização levou Fidel a demitir-se em julho de 1959. Essa atitude suscitou a mais viva manifestação a favor de Fidel e levou, por sua vez, à renúncia de Urritia, que foi substituído por Osvaldo Dorticós Torrado. Fidel voltou a assumir o posto de primeiro-ministro.
Os moderados, vendo na manobra política de Fidel o sintoma de uma indesejável combinação de radicalismo e autoritarismo, afastaram-se do poder. Isso significou, para a revolução, a perda de apoio dos quadros qualificados (profissionais especializados), a qual, no entanto foi compensada pela aproximação e colaboração dos comunistas, que desde o início da guerrilha conservaram-se distantes do Movimento 26 de Julho.
A adesão dos comunistas à revolução, embora tardia, fez com que às audaciosas medidas do novo governo fossem interpretadas como de origem e inspiração comunista, o que não era verdade. De qualquer forma, serviu para encaixar o governo castrista no esquema da guerra fria: se o novo regime não era pró-capitalista, então só podia ser comunista. Essa foi a conclusão dos conservadores e moderados.

Etapas da ruptura com a ordem capitalista (1960-1961) – Era verdade, contudo, que a reforma radical implantada pelo novo governo possuía uma profunda orientação anticapitalista. O radicalismo do governo revolucionário era visto com desconfiança pelos Estados Unidos, sobretudo porque a reforma agrária atingira propriedades açucareiras que pertenciam a capitalistas norte-americanos. O presidente Eisenhower, contrariando o desejo dos ultraconservadores, descartou, entretanto a intervenção militar. Em represália, porém, desencadeou uma dura pressão econômica, cortando fornecimentos - por exemplo, de petróleo - e fazendo vistas grossas para ações de sabotagem contra a economia cubana.
Em julho de 1960, Cuba passou a importar petróleo da União Soviética, mas as refinarias, de propriedade norte-americana e britânica, recusaram-se a refinar o produto. Como resposta, o governo cubano encampou as refinarias, e os Estados Unidos reagiram suspendendo a compra do açúcar cubano.
Em 1961, com John Kennedy, a ruptura se completou. Os Estados Unidos romperam as relações diplomáticas com Cuba e Kennedy autorizou a invasão militar do país pelos exilados cubanos treinados por militares norte-americanos. No dia 17 de abril de 1961, com apoio aéreo dos Estados Unidos, os contra-revolucionários desembarcaram na praia de Girón, na baía dos Porcos, mas foram derrotados em 72 horas.
Dois dias antes da invasão, no dia 15 de abril, Fidel havia declarado, pela primeira vez, que a revolução cubana era socialista.

O socialismo cubano – A Revolução Cubana tornou-se socialista no processo, e nisso reside sua originalidade.
Em julho de 1961, o Partido Comunista Cubano ampliou sua participação e influência no governo. No ano seguinte, porém, sua ascensão foi freada, com o afastamento de seu núcleo dirigente do quadro governamental. O controle do poder foi então retomado pelos revolucionários de Sierra Maestra.
Contudo, o ingresso de Cuba na via socialista levou o país a vincular-se cada vez mais ao bloco socialista, enquanto era forçado a se afastar do sistema pan-americano. Em 1962, na Conferência de Punta del Este (Uruguai), Cuba foi excluída da Organização dos Estados Americanos (OEA). Com exceção do México, todos os países romperam relações diplomáticas e comerciais com Cuba, sob o pretexto de que Cuba estava exportando sua revolução para toda a América Latina.
Em meados de 1962, Kennedy denunciou a presença de mísseis soviéticos em Cuba e ordenou seu bloqueio naval, forçando a União Soviética a retirar da ilha seu arsenal nuclear.
O isolamento de Cuba imposto pelos Estados Unidos e sua dependência econômica e militar de uma potência distante (União Soviética) não deixaram a Fidel outra alternativa senão tentar modificar esse quadro opressivo para o país. Por isso, a partir de 1962, passou a defender, incansavelmente, a insurreição armada na América Latina, com a esperança de que, com uma revolução em escala continental, Cuba pudesse finalmente romper o isolamento ao qual estava submetida.
Por volta de 1965, devido ao bloqueio econômico, Cuba vivia graves problemas. Para solucioná-los, os revolucionários viram-se diante de um dilema: ou apelavam para soluções eminentemente técnicas e econômicas ou reacendiam a chama revolucionária. Ernesto Guevara, argentino de nascimento, mas que se tornara um dos principais dirigentes da revolução, era favorável à segunda solução. Entretanto, não havia unanimidade.
De qualquer modo, Cuba não tinha como renunciar a sua liderança continental, visto que exercia uma grande influência sobre as esquerdas na América Latina. E, como as esquerdas latino-americanas eram seu único ponto de apoio no continente, seria um suicídio político abrandar em Cuba a chama revolucionária.
Dentro desse espírito revolucionário, realizou-se em Cuba, no ano de 1966, o Congresso Tricontinental, que reuniu os principais movimentos revolucionários e antiimperialistas da Ásia, África e América Latina. Nesse momento, encontrava-se no auge a agressão norte-americana no Vietnã, e a heróica resistência vietnamita despertava enorme admiração em todo o mundo e motivava os revolucionários.
Em julho-agosto de 1967, fundou-se em Havana a Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), cujo lema era: "O dever de todo revolucionário é fazer a revolução". Esse lema, que criticava implicitamente os partidos comunistas e outras correntes de esquerda que se haviam acomodado à ordem capitalista, retratava também o excesso de otimismo voluntarista, típico da época.
Isso veio a se confirmar no mesmo ano de 1967: Guevara, que há muito "desaparecera" do cenário político cubano, reapareceu na Bolívia, onde procurava repetir a experiência cubana. Dessa vez, entretanto, fracassou e foi morto pelo exército de Barrientos.
A partir de 1968, os dirigentes cubanos, admitindo agora outras alternativas revolucionárias, começaram gradualmente a se retrair, muito embora, por essa mesma época, a guerrilha estivesse se desenvolvendo no Brasil, na Argentina e no Uruguai. Porém, o ímpeto guerrilheiro não ultrapassou o ano de 1975, e as lutas armadas urbanas e rurais fracassaram. Com isso, a tradição bolchevique abandonada começou a ser retomada, em sua vertente anti-stalinista.


O "Foquismo"

Singularidade do modelo cubano – A luta armada não constituía um fato excepcional na América Latina, mas em Cuba assumiu uma característica muito particular, na medida em que separou, de modo radical, a luta política da militar.
Segundo a teoria tradicional concebida por Lênin - líder da Revolução Russa de 1917 - e adotada por todos os par-tidos comunistas do mundo, a revolução socialista deveria ser conduzida por uma minoria esclarecida, que se autoproclamava "vanguarda do proletariado". O modelo cubano, teorizado nos anos 60 pelo jovem intelectual francês Régis Debray, substituiu a vanguarda política por uma vanguarda militar.
A ação da vanguarda política do tipo leninista apoiava-se, de início, nas reivindicações econômicas do operariado e, por isso, começava com a infiltração comunista nos sindicatos. Os comunistas procuravam, desse modo, ampliar a luta dos trabalhadores, objetivando dar-lhes uma consciência política que, supostamente, não possuíam, mas que lhes pertencia por natureza. Assim, os comunistas (leninistas) esperavam que os operários passassem da luta meramente econômica para a política, preparando-se enfim para o enfrentamento global com a burguesia, através de uma insurreição armada. Chegava-se, desse modo, à tomada do poder. O modelo leninista subordinava, pois, a ação armada à estratégia política.
Segundo Debray, isso foi invertido pelo castrismo, que se peculiarizava pela prioridade virtualmente absoluta conferida à luta armada. Esta seria iniciada por um pequeno grupo (vanguarda militar), cujas ações deveriam criar as condições objetivas para a tomada do poder. Portanto, o castrismo consistia em começar a revolução com um foco guerrilheiro que, gradualmente, ampliaria seu raio de ação. Por isso, o modelo castrista teorizado por Debray ficou conhecido como "foquismo".
Quem levou mais longe essa concepção, na prática, foi Ernesto Che Guevara - que devido a sua origem argentina ficou conhecido como "Che". Guevara separou completamente a ação militar da militância política e ignorou a realidade econômica e social, apostando tudo, ao que parece, na vontade (subjetiva) heróica de um punhado de guerrilheiros determinados a sacrificar a própria vida pela causa revolucionária. Com essa concepção subjetivista e totalmente irreal, Guevara iniciou a guerrilha de Nancahuazú na Bolívia, onde encontrou a morte em 9 de outubro de 1967. A concepção era irreal, mas muito propicia para a construção de mitos heróicos. E, de fato, Guevara, com sua boina com uma pequena estrela, foi o herói revolucionário mais cultuado nos anos 60.

Os Partidos Comunistas e as Guerrilhas

A Revolução Cubana exerceu, sem dúvida, um enorme fascínio sobre as esquerdas. Sob sua influência, movimentos guerrilheiros surgiram em vários países da América Latina. Além da influência cubana, esses movimentos recebiam ainda estímulo vindo de longe, do sudeste asiático, onde se desenrolava a guerra do Vietnã (1954-1975). O êxito com que os guerrilheiros vietnamitas enfrentavam o exército norte-americano, o mais poderoso do mundo, era um acréscimo adicional de esperança para os partidários da guerrilha latino-americana.
Tudo isso contribuiu para fazer da luta armada o modelo revolucionário por excelência. As figuras de Fidel Castro, Guevara e Ho Chi Min pareciam ofuscar os nomes de Lênin e Stalin no panteão revolucionário.
Lembremos que a crítica a Stalin e ao stalinismo - portanto, aos PCs - ganhou mais intensidade nas esquerdas dos anos 70. Além disso, com exceção dos partidos comunistas do Brasil, Chile, Uruguai e da Argentina, que eram reformistas, na Venezuela, Colômbia e Guatemala os PCs apoiaram explicitamente a luta armada e chegaram a organizá-la.
As lutas armadas que eclodiram nos anos 60, contudo, não podem ser consideradas meros reflexos da Revolução Cubana, embora se tenham inspirado no seu exemplo.
A teoria do foco, tal corno foi formulada por Debray e encarnada por Guevara, como já assinalamos, conferia prioridade absoluta à luta armada. Entretanto, é preciso adicionar mais uma observação: o foquismo era considerado na época uma estratégia alternativa válida para toda a América Latina e, portanto, uma via socialista adequada a sua realidade.
Ora, esse modelo nem sempre foi seguido à risca, e as guerrilhas dos anos 60 apresentaram uma grande variedade.

As experiências guerrilheiras – Na Venezuela, a guerrilha foi organizada pelo Partido Comunista Venezuelano e começou a operar em 1962, tendo como principal dirigente Douglas Bravo. Em 1966, Bravo foi desligado da direção do partido e, em 1970, a esquerda abandonou a luta armada sem ter atingido seus objetivos.
Na Colômbia, as guerrilhas de direta inspiração cubana começaram a atuar em 1964, destacando-se como dirigente, no ano seguinte, o padre Camilo Torres, morto em 25 de fevereiro de 1966. No Peru, o mais conhecido dirigente guerrilheiro foi Hugo Blanco, da Frente de Izquierda Revolucionaria, de tendência trotskista, cujas ações se desenvolveram entre 1961 e 1964.
No Brasil, Carlos Marighela, ex-dirigente comunista, rompeu com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e fundou, em 1968, a organização guerrilheira Aliança Libertadora Nacional (ALN); em 1969, foi morto pelos órgãos de repressão do regime militar. No mesmo ano, começou a luta armada na Argentina contra o regime militar de Onganía, destacando-se duas organizações guerrilheiras: o Exército Revolucionário do Povo (ERP) e os Montoneros - extrema esquerda peronista. De 1968 a 1973 esteve em atividade a organização guerrilheira uruguaia - os Tupamaros.
Com exceção de Camilo Torres, os dirigentes guerrilheiros eram de filiação comunista ou pertenciam a alguma de suas variantes. Nenhum desses movimentos de luta armada foi rigorosamente foquista, com exceção talvez da ALN e dos Tupamaros, mas ambos configuraram-se como guerrilhas essencialmente urbanas. Por fim, nenhum deles repetiu o êxito cubano.

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O DIREITO DE ABORTAR

O DIREITO DE ABORTAR



O aborto está na ordem do dia. Em Portugal ele foi aprovado em plebiscito em fevereiro passado, mas ainda não é lei. A Assembléia Legislativa da Cidade do México legalizou-o no dia 25 de abril e os bispos mexicanos, com o apoio do Vaticano, pediram a excomunhão dos deputados que votaram a favor. No Brasil foi a batata mais quente nas mãos do presidente Lula em seu encontro com o papa Bento XVI no dia 10 de maio.

Defender o aborto, e nós defendemos, talvez seja a tarefa mais difícil quando se fala dos direitos individuais. Numa ponta temos a liberdade do indivíduo pela qual lutamos com unhas e dentes e, na outra, um projeto de ser humano que ainda não viu a luz do dia e é totalmente dependente da mulher (indivíduo) que o traz no ventre. A decisão do aborto é, portanto, em absoluto primeiro lugar, uma prerrogativa da mulher que carrega o feto e o alimenta através de seu cordão umbilical. E pode também ser a mais penosa, a mais dolorida decisão que uma mulher tenha de tomar.

Mas se enquadra no direito fundamental que todo indivíduo deve ter de dispor do próprio corpo. Não queremos aqui recorrer aos casos de fetos não desejados por causa de estupros, por apresentarem deformações ou porque são vítimas potenciais da miséria que os condena a uma vida de privações. Queremos enfatizar o direito puro e simples de uma mulher querer interromper a gravidez por quaisquer motivos que queira apresentar. Digamos que o pai tenha certos direitos na questão, mas nunca o de ter a decisão final, a não ser que conte para isto com todo o aparato estatal e religioso, sob o qual a mulher tem sido a parte mais fraca.

Na maioria dos casos, o aborto é definido puro e simplesmente de assassinato, infanticídio. Ninguém pode negar que a vida começa no momento que o espermatozóide fecunda o óvulo. Começa aí um projeto de ser humano, o embrião, mas não o indivíduo que só pode existir dentro da sociedade, no convívio com outros individuos. A mulher que pratica o aborto não está matando ninguém, está apenas impedindo que um embrião utilize seu corpo para se desenvolver. É seu corpo. Ela está exercendo um direito, penoso, mas é um direito.

Antes mesmo de chegar ao Brasil, em entrevista durante o vôo Roma-São Paulo, o papa Bento VII defendeu os bispos mexicanos que excomungaram os deputados mexicanos a favor do aborto, acrescentando que não houve nada de novo, que tal procedimento está escrito no Direito Canônico. Não há novidade na afirmação do papa. Seria o caso de dizer que os católicos e o clero que os controla têm todo o direito de ser contra o aborto e até mesmo de expulsar da comunidade os que apóiam tal prática. Têm direito a condenar – como de fato condenou o arcebispo de São Paulo Odilo Scherer – a realização de um plebiscito sobre o aborto.

Tudo isso, no entanto, seria simples e cristalino se todos os católicos o fossem por decisão própria e não porque foram, na maioria dos casos, amamentados por ele, desde o berço, por uma das maiores máquinas de manipulação existente no Planeta. Enfim, o que digo dos católicos vale também para outras religiões que impuseram, impõem e continuarão impondo seus credos através do proselitismo, da chantagem da morte eterna, quando não pela força das armas. Vale lembrar Saramago: "por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o mais horrendo e cruel".

Podemos acrescentar. Mais cruel do que o aborto é negar ao embrião que nasceu, em nome de deus, do diabo ou do que for, os direitos fundamentais que todo indivíduo devia ter.

O "cresceis e multiplicai-vos" (Gênesis, 1,28) talvez seja o versículo bíblico mais citado pelos oponentes do aborto. Jeová devia estar pensando num mundo de recursos ilimitados e não num planetinha de nada em volta de uma estrela classificada de quinta magnitude e, olhe lá, nem disso se tem certeza mesmo no Universo conhecido. Mas não vamos recorrer a razões cósmicas e ecológicas, nem mesmo estando em jogo a sobrevivência da espécie, para justificar o direito de abortar. Aí poderíamos chegar ao aborto imposto pelo governo chinês tão condenável como a negação do direito de abortar.