quarta-feira, 16 de junho de 2010

A FIFA É DE UMA CERVEJA SÓ

Se a FIFA pudesse, se fosse realmente a deusa do futebol e não apenas sua gerente toda poderosa, ia na certa proibir que se bebesse qualquer outra cerveja senão a de sua multinacional preferida. Neste afã de zeladora dos interesses bilionários dos patrocinadores, a FIFA expulsou do estádio um grupo de moças holandesas que exibiam uma camisa das cores do time do país, laranja. Por quê? Estavam exibindo o bumbum? Os peitos estavam de fora? Nada disso. A camisa tinha sido distribuída pala Bavária, empresa não incluída entre os patrocinadores. No entanto, não havia nada escrito, nunca ouvi falar que cor pudesse ter trade Mark. Mas a toda poderosa FIFA assim decidiu e todo o mundo abaixou a cabeça e obedeceu. Bem feito para a Bavária. As leis do capitalismo são assim. Defendem a livre iniciativa, a liberdade de comércio e o diabo, mas quem mija fora no penico com excessos de liberdade, como fez a Bavária, é punida na hora. Na verdade a FIFA não bebe cerveja. Não bebe nada. O verbo que ela gosta é faturar e dominar o espetáculo, quem sabe com cartas marcadas.
PS: Quanto às multinacionais, que se embriaguem até caírem na sarjeta da História.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

UM POUCO ALÉM DO FUTEBOL

Começou nesta sexta-feira a Copa do Mundo. Quase não se fala mais de outra coisa. Bandeiras e flâmulas estão por todos os lados, o patriotismo insuflado, hinos nacionais entoados; mão no peito. Mulher que brigava com o marido monopolizando a TV para ver seu time jogar está agora toda compenetrada assistindo jogo da seleção. E a FIFA vai faturando tudo, mamando no patriotismo de todos os países. Desde a época de Havelange – e por sua iniciativa – a FIFA se tornou a maior multinacional do entretenimento. Até a Copa de 70 no México, a FIFA era pobre. O Mundial era financiado em grande parte pela UEFA. Atenção: a Copa de 70 foi a primeira a ser retransmitida ao vivo pela televisão para todo o mundo. Em 74, durante o Mundial na Alemanha, Havelange foi eleito para dirigir a FIFA e lá ficou 24 anos, durante os quais a federação foi atrelada às grandes multinacionais – Coca-Cola, Nike e o diabo. Em 70, o Brasil campeão ganhou um prêmio de US$ 600 mil dólares. Na Copa de 1998, quando João Havelange passou a direção da FIFA a seu protegido Blatter, cada uma das 32 equipes classificadas ganhou US$ 1 milhão de dólares só para participar do evento. E a seleção brasileira, que capengou na final diante da França, chegou a ser ironicamente chamada de seleção da Nike. A FIFA já não precisava de esmola da UEFA e podia desbancar US$ 15 bilhões para a promoção da Copa em que Ronaldinho foi escalado com dor de barriga. Nesta Copa, por exigência da FIFA, a África do Sul liberou os impostos sobre importações para satisfazer a sanha de lucro das multinacionais. Os investimentos do país na construção de estádios, segurança e outras coisinhas, superaram em dez vezes o previsto. Ou seja, os gastos elevaram-se a US$ 8 bilhões. Mas tudo bem. A FIFA vai faturar mais de US$ 3 bilhões. 50% a mais do que lucrou no Mundial na Alemanha. No entanto a FIFA é boazinha e gosta de dar esmola. Vai doar 3% de seu butim para obras sociais em toda a África. Não dá nem para encher o buraco do dente.
Se eu não gostasse tanto de futebol, juro que não assistiria aos jogos.