Recentemente
recebi e-mails panfletários que pregam valores perdidos no tempo e creio terem
um conteúdo socialmente pernicioso ao pregarem um deus que precisa da adoração
do homem e que sua não benevolência gera o caos. Segue meu comentário.
É triste
creditar todo o processo de anomia que vive a civilização ocidental a um
principio intangível e considerado superior. Os maiores vilões do 11 de
Setembro foram o próprio governo estadunidense com sua política hegemônica ao
redor do mundo. Falar que a queda de antigos valores frente a um processo de
reconstrução e modernização social é algo inadequado ao mundo é o mesmo que
cair no erro de se pensar que Torquemada estava correto ao pilhar os infiéis
espanhóis na época da inquisição espanhola. Nietzsche já alertou ao erro de se
pensar que existem verdades morais, o que é tangível de aplicação real é que no
máximo há interpretações morais de um evento. Não existe nada verdadeiramente
correto e errado no mundo uma vez que o próprio senso de certo ou errado parte
de construções morais baseados em princípios de sobrevivência biológica e de
cultura. Se isso for errado, porque é considerado um dever social para os
índios matarem seus recém nascidos considerados deficientes enquanto a
sociedade moderna na maioria dos casos dá suporte e tratamento a essas
crianças? Dizer que o índio não é evoluído o suficiente para aceitar um
deficiência é o mesmo que corroborar com os colonizadores ao pensar que a
cultura indígena precisa de intervenção e que se faz necessário uma missão de
"salvamento" pela civilização dita superior em "favor" do
pobre povo da floresta.Creio que a sociedade contemporânea vive a crise de
identidade que Nietzsche denunciou ao afirmar que o conceito de Deus medieval
havia sido morto por você, eu e todos que se inserem em um mundo cada vez mais
baseado na liberdade de opinião, credo, e de manifestação do sexual. O Deus que
se faz impositivo e ameaçador não traz mais coesão social e por isso o seu
credo passa por um processo de desuso, os antigos deuses pereceram ao tempo e
ao deus das religiões monoteístas se faz necessário mais um sepultamento. Se
houver um princípio criador ele é mais sofisticado que um conceito que oprime o
homem a não viver sua natureza e nos faz cativos de senhores. Deus ou como o
queira chamar não cabe em um sermão católico, em uma manifestação de
mediunidade espirita, nas lições Hindus e muito menos nos homens bombas que
matam para defender sua honra. É preciso pensar que por de trás dessa
doutrinação social que os pseudomoralistas defendem está o retorno de práticas
sociais retrogradas e não condizentes com a realidade que o mundo vive. É
preciso se pensar porque há uma guerra civil no Iraque, a razão de milhares
morrerem de fome na Africa por uma questão de logística, qual os motivos que
aceitamos que igrejas cobrem dinheiro de fieis pela promessa de uma vida
material melhor. Se as religiões não podem responder essas perguntas e não
serem reais divulgadores das questões de promoção social não encontro motivos
para seguir em uma e afirmo que o Deus que é divulgado por meio delas não é o
meu.