segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sobre pseudomoralismo, religiões e Deus


Recentemente recebi e-mails panfletários que pregam valores perdidos no tempo e creio terem um conteúdo socialmente pernicioso ao pregarem um deus que precisa da adoração do homem e que sua não benevolência gera o caos. Segue meu comentário.

É triste creditar todo o processo de anomia que vive a civilização ocidental a um principio intangível e considerado superior. Os maiores vilões do 11 de Setembro foram o próprio governo estadunidense com sua política hegemônica ao redor do mundo. Falar que a queda de antigos valores frente a um processo de reconstrução e modernização social é algo inadequado ao mundo é o mesmo que cair no erro de se pensar que Torquemada estava correto ao pilhar os infiéis espanhóis na época da inquisição espanhola. Nietzsche já alertou ao erro de se pensar que existem verdades morais, o que é tangível de aplicação real é que no máximo há interpretações morais de um evento. Não existe nada verdadeiramente correto e errado no mundo uma vez que o próprio senso de certo ou errado parte de construções morais baseados em princípios de sobrevivência biológica e de cultura. Se isso for errado, porque é considerado um dever social para os índios matarem seus recém nascidos considerados deficientes enquanto a sociedade moderna na maioria dos casos dá suporte e tratamento a essas crianças? Dizer que o índio não é evoluído o suficiente para aceitar um deficiência é o mesmo que corroborar com os colonizadores ao pensar que a cultura indígena precisa de intervenção e que se faz necessário uma missão de "salvamento" pela civilização dita superior em "favor" do pobre povo da floresta.Creio que a sociedade contemporânea vive a crise de identidade que Nietzsche denunciou ao afirmar que o conceito de Deus medieval havia sido morto por você, eu e todos que se inserem em um mundo cada vez mais baseado na liberdade de opinião, credo, e de manifestação do sexual. O Deus que se faz impositivo e ameaçador não traz mais coesão social e por isso o seu credo passa por um processo de desuso, os antigos deuses pereceram ao tempo e ao deus das religiões monoteístas se faz necessário mais um sepultamento. Se houver um princípio criador ele é mais sofisticado que um conceito que oprime o homem a não viver sua natureza e nos faz cativos de senhores. Deus ou como o queira chamar não cabe em um sermão católico, em uma manifestação de mediunidade espirita, nas lições Hindus e muito menos nos homens bombas que matam para defender sua honra. É preciso pensar que por de trás dessa doutrinação social que os pseudomoralistas defendem está o retorno de práticas sociais retrogradas e não condizentes com a realidade que o mundo vive. É preciso se pensar porque há uma guerra civil no Iraque, a razão de milhares morrerem de fome na Africa por uma questão de logística, qual os motivos que aceitamos que igrejas cobrem dinheiro de fieis pela promessa de uma vida material melhor. Se as religiões não podem responder essas perguntas e não serem reais divulgadores das questões de promoção social não encontro motivos para seguir em uma e afirmo que o Deus que é divulgado por meio delas não é o meu.