Afirmo de inicio que escrevo esse artigo não para provar a
existência do Deus bíblico, mas para descrever a razão pelo qual, caso ele
exista, nunca se pronunciou diretamente e nem o fará.
Se deus se revela-se ao homem, não haveria, de primeira mão, a
civilização. A maior realização mundana do homem teria sido um pequeno altar de
pedras para a adoração DELE e nunca se realizaria nenhuma proeza tecnológica e muito menos
científica. Seriamos eternamente condenados a nos alimentar somente de restos
dos sacrifícios, de padecer de doenças e infecções banais e o maior
ensinamento serio o culto ao olho de fogo que tudo vê e tudo sabe.
Caso ao olharmos para o céu nos deparássemos com o rosto
ditatorial rodeado de arcanjos com lâminas de fogo, o homem teria
tamanho medo que não precisaríamos construir o leviatã de Hobbes, o
egoísmo do homem já teria sido consumido pela subserviência e adoração do
Senhor dos Céus e da Terra.
Seríamos uma orda de lacaios marchando pela superfície terrestre
sobre a mercê dos desejos divinos, esperando que um dia nossas preces fossem
atendidas. Embora o problema do egoísmo humano já houvesse sido contornado pela
presença do Senhor, ainda não seríamos capazes de fazer nada que nos fosse
desejável, uma vez que os homens encarregariam de fazer todo o possível para
que ninguém atraísse a ira dos céus, portanto cada um se encarregaria de
controlar o outro. Não seria permitido domar o intemperismo natural, pois o
homem só aceitaria para si o espírito de contemplação, o homem não
desenvolveria a agricultura e a fome seria uma constante. A entenderíamos com
uma provação dos céus e o mais feliz dos homens seria o que ficasse o maior
tempo em pé sem comer.
Caso
houvesse algo sobre as nuvens nos controlando, o homem não seria homem, seria
mais um ser da natureza, lacaio da própria sorte. Não haveria raciocínio, o
homem seria apenas mais um animal a vagar faminto sobre os campos sem a
esperança de dias melhores
João
Antônio Nicoli Tavares