terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O mártire cristão do Ocidente e a construção do inimigo



Não vamos transformar a condenação de um cristão na nação persa como um embate entre civilizações como deseja a mídia tendenciosa. É, sim, um desrespeito aos direitos humanos, cuja carta o Irã é signatário. Mas não podemos deixar de relacionar a emergência desse fato com a questão da imagem do Irã perante o ocidente estar completamente desmoralizada e passível de intervenção militar. A condenação dos apóstatas, aqueles que eram islâmicos e se convertem para outras religiões, caiu como uma luva para os setores que temem a construção de um arsenal nuclear por um país não alinhado, desequilibrando diretamente a balança de poder de umas das áreas mais instáveis do mundo.
O Islã e a sharia não perseguem, necessariamente, civis pelo simples fato de possuírem outro credo religioso. Sendo a liberdade de crença um princípio básico do direito islâmico. Um exemplo disso é o fato de cristãos, judeus e islâmicos terem vivido em paz durante séculos em Jerusalém sob o domínio do Império Otomano. Contudo, um dos maiores crimes para o islamismo é renegar a fé. Os apóstatas sofrem ostracismo e às vezes até a pena de morte. A meu ver é uma clara violação ao direito internacional dos direitos humanos, em especial ao art. 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e ao art. 18 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. O Irã é signatário de ambas, mas não podemos permitir que esse fato seja usado para arrebatar opiniões contrárias sobre a ordem interna de uma país soberano e muito menos que esse fato seja, de certa forma, um subterfúgio para legitimar a guerra.