Até logo, Vô Dominguinho
Na
ultima fase da sua vida pude presenciar a lida na padaria e ter a certeza que
momentos tristes ou depressivos não faziam parte da sua rotina, tive o prazer
de entregar com ele as balas para as sempre meninas bonitas da cidade, mesmo
que já não tão moças ou meninas em idade. Talvez, o único vício que meu avô
teve nessa vida foi ao trabalho, mas não foi um ofício que minava suas forças,
ao contrário, não tirava de lá somente as bases de seu sustento físico, mas da
sua presença humana, do humor sereno e da mente tranqüila. Um exemplo de um
humano que chega a velhice e mostra que dignidade quando é conquistada passa
ser uma instituição social de um valor tão revigorante e necessário que passa a
ser um direito.
Não
quero ao escrever esse texto passar uma idealização da figura do meu avô, e
muito ao menos mostrar o tanto que nossa grama era mais verde do que a do
vizinho, mas não posso negar que minha meta como ser humano nunca foi algo
distante do que meu avô foi em vida. Nossa família sempre teve, tem e terá os
mesmo problemas que a dos outros, mas a figura central que acalma os ânimos e
desperta o altruísmo em nossas mentes sempre foi ele e por ele.
Para
os momentos tristes eu guardo seu sorriso e amor incondicional a vida como o
maior acalento. Sei que não será fácil, mas se tenho uma dívida em vida com ele
é a necessidade de manter o sorriso no rosto e a tranqüilidade no peito. Nessa
vida superficial, descartávelmente capitalista meu avô não foi ninguém, mas
guardo a certeza que não houve ninguém como meu avô.
João Antônio Nicoli Tavare