sexta-feira, 11 de junho de 2010

UM POUCO ALÉM DO FUTEBOL

Começou nesta sexta-feira a Copa do Mundo. Quase não se fala mais de outra coisa. Bandeiras e flâmulas estão por todos os lados, o patriotismo insuflado, hinos nacionais entoados; mão no peito. Mulher que brigava com o marido monopolizando a TV para ver seu time jogar está agora toda compenetrada assistindo jogo da seleção. E a FIFA vai faturando tudo, mamando no patriotismo de todos os países. Desde a época de Havelange – e por sua iniciativa – a FIFA se tornou a maior multinacional do entretenimento. Até a Copa de 70 no México, a FIFA era pobre. O Mundial era financiado em grande parte pela UEFA. Atenção: a Copa de 70 foi a primeira a ser retransmitida ao vivo pela televisão para todo o mundo. Em 74, durante o Mundial na Alemanha, Havelange foi eleito para dirigir a FIFA e lá ficou 24 anos, durante os quais a federação foi atrelada às grandes multinacionais – Coca-Cola, Nike e o diabo. Em 70, o Brasil campeão ganhou um prêmio de US$ 600 mil dólares. Na Copa de 1998, quando João Havelange passou a direção da FIFA a seu protegido Blatter, cada uma das 32 equipes classificadas ganhou US$ 1 milhão de dólares só para participar do evento. E a seleção brasileira, que capengou na final diante da França, chegou a ser ironicamente chamada de seleção da Nike. A FIFA já não precisava de esmola da UEFA e podia desbancar US$ 15 bilhões para a promoção da Copa em que Ronaldinho foi escalado com dor de barriga. Nesta Copa, por exigência da FIFA, a África do Sul liberou os impostos sobre importações para satisfazer a sanha de lucro das multinacionais. Os investimentos do país na construção de estádios, segurança e outras coisinhas, superaram em dez vezes o previsto. Ou seja, os gastos elevaram-se a US$ 8 bilhões. Mas tudo bem. A FIFA vai faturar mais de US$ 3 bilhões. 50% a mais do que lucrou no Mundial na Alemanha. No entanto a FIFA é boazinha e gosta de dar esmola. Vai doar 3% de seu butim para obras sociais em toda a África. Não dá nem para encher o buraco do dente.
Se eu não gostasse tanto de futebol, juro que não assistiria aos jogos.

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