sábado, 13 de novembro de 2010

O direito de abortar



O aborto está na pauta do dia. Tema usado para barganhar votos na corrida presidencial revela a polêmica que este ato representa na sociedade e a ingerência religiosa em um assunto que deveria ser visto como prerrogativa da mulher, tema de saúde pública e planejamento familiar.

É inegável que a vida comece na fertilização do óvulo. Começa aí um projeto de ser humano, mas não o indivíduo e seu intelecto que só pode ser tecido no convívio em sociedade e não em um sistema restrito como o útero. A mulher que se sujeita ao aborto não está matando ninguém mas, sim, se sujeitando ao direito de fazer o que quiser com seu corpo. É seu corpo. Está exercendo um direito, penoso, mas é um direito.

A proibição do aborto não impede que esta prática aconteça em clínicas clandestinas e sem os requisitos mínimos de higiene, expondo a vida da mulher em risco. O que se está em jogo não é a eliminação do aborto, mas o direito da mulher receber auxílio médico de segurança.

A cúpula católica, em Pernambuco, em um ato deplorável excomungou a equipe médica e a família de uma menina estuprada de nove anos que realizou um aborto por causa de sua gestação indesejada. O agressor, ao contrário, não foi excomungado do seio da madre Igreja.

O “cresceis e multiplicai-vos” da Bíblia entra em parafuso com um mundo de recursos limitados, com o direito da mulher de ter prazer sexual sem arcar com um gravidez e com o planejamento familiar.

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