De acordo com o trabalho de Schwarz “as
idéias estariam fora de lugar” no Brasil devido a sua inserção de dependência
cultural, social e econômica em um panorama global. Esse fato é explicado por
uma inversão da teoria marxista de que a estrutura determina a superestrutura:
Enquanto no Brasil a estrutura era colonial, agrária e rudimentar a
superestrutura seria avançada e liberal, fato que transformaria a ideologia
liberal em solo brasileiro em uma ideologia de segundo grau. Os valores do
liberalismo seriam readaptados para se adequar a realidade atrasada do Brasil.
Atraso que era corroborado pela manutenção de uma sociedade baseada no trabalho
escravo e na troca de favores por meio do apadrinhamento feito pelo Senhor
latifundiário.
A
intelligentsia brasileira, fortemente vinculada ao Estado,
é caracterizada por procurar um conceito que exprima o que seja o Brasil, essa
orientação vai se apropriando de debates e explicações de acordo com a época.
No final do século XIX e início do XX o debate girava em torno do escravismo,
da República, das teorias raciais e do positivismo. Esse fato evidencia que se
procurava explicar o Brasil não por meio de uma metodologia ou um pensamento
próprio, mas de acordo com o pensamento de vanguarda da Europa e dos EUA.
Corrobora o fato de ser uma ideologia de segunda ordem, pois uma vez instalado
em solo brasileiro, a intelligentsia se apropria e o adapta para explicar o
Brasil de acordo com que se exprima um conhecimento em consonância com o debate
externo. Dessa forma elaboramos nosso pensamento, padrões culturais, políticos
e econômicos de forma a sermos uma repetição do que é proposto nos centros
culturais, apropriando e adaptando o pensamento externo ao nosso contexto
sociocultural.
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