sábado, 9 de março de 2013

A DIVINDADE DA ESCURIDÃO



            Na caverna da minha alma o fogo crepita, o fogo estala contra a realidade. A sombra turva para mim é nítida e sua nitidez me diz a verdade, a verdade me sussurra grandeza. A verdade de uma luz que minha alma deseja conhecer. A grandeza de um homem, homem não! Senhor que mudou o mundo! Salvou a humanidade de si mesma! Mudou o destino dos povos! Adorai o Senhor! Não precisamos mais da luz, a Sombra é grande e tem os contornos que destroem meus medos! Todos querem um lugar sob a luz, mas nos temos a Sombra e isso nos basta! Não se discute a Sombra, porque ir contra a Sombra é negar sua família, sua terra, sua tradição, é vencer seu medo e querer ver a LUZ.
            A sombra do Senhor projeta um Deus, não seria monstro? Monstro não! A projeção do fogo não mente! Quem precisa do fogo quando se vê o vulto? O vulto já diz tudo e sua promessa irá trazer um reino de 1000 anos! Há a promessa de nos purificarmos em meio à fuligem da sombra. Salve a Sombra!
            Há escravos rebeldes que não se ajoelham diante da Sombra, e procuram o fogo. Hereges! Caça aos hereges! Como duvidar da Sombra de tamanha grandeza? Expulsem-nos do reino, do reino não, do universo! Essa praga está a serviço do mal e vão condenar  a todos a serventia de um Senhor ruim. A Sombra caminha com os antigos iniciados, os antigos guerreiros andarilhos que sumiram em uma ilha sob a névoa de Avalon!
            Como duvidar de nossa própria ontologia? Esqueceu de nossas veias a escorrerem o sangue que um dia vai purificar o mundo? A verdade é a Sombra e a escuridão é mera insensatez de quem não quer ver o esplendor na fuligem. A Sombra nos iguala, a Sombra nos cobre no escuro, a Sombra tira meus traços, a Sombra anula minha imagem, a Sombra me asfixia. A SOMBRA ME MATA!

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