É possível o novo sem o fim do velho? Esse ano decidi me arriscar, pular
no abismo do novo, resolver antigo projetos e não temer a queda, mesmo que
violenta. Há cinco anos cheguei no meu limite, no meu limite moral como
indivíduo: Não só desejei a morte biológica, procurava a aniquilação da alma.
Minha mente era atraída pela sensação de pular na caldeira de um vulcão com a
finalidade de exterminar-me no sentido mais amplo, sem deixar rastro de minha
passagem terrena. Será que no momento deste ato se dava o fim ou início de uma
nova vida?

O pior de tudo para um suicida mal sucedido é o fato da continuidade, de
existir à revelia da vontade e o insuportável fato de ainda respirarem. Nesse
momento além dos problemas anteriores se passa a sentir os olhos curiosos do
resto do grupo, o julgamento moral das pessoas que condenam para não lidarem consigo
mesmas. É nesse momento que o suicida faz sua a escolha de fato: Ou aprende a
resolver por si mesmo os seus problemas afetivos ou se entregar aos olhos
famintos e inquisidores. Decifra-te ou devora-te!
Provavelmente, essa tentativa de incursão ao mundo dos mortos não me
tenha sido totalmente infrutífera. Se não aprendesse a lidar comigo, eu não
poderia mais existir como indivíduo e estaria a condenado a viver eternamente
pela sombra da minha alma eclipsada.
Qual a razão de ter escrito tudo isso? O texto poderia ser normalmente
considerado dois textos avulsos, mas é exatamente o oposto: iniciei no relato
de um quase fim para propor um novo começo! Este blog teve início durante a
minha depressão e me sinto responsável em lhe dar um fim menos eloquente que
minha finalidade anterior. Só se pode iniciar um novo capítulo ao colocar o ponto final no imediatamente anterior,
deste modo despeço (despito-me) do Caminhos Dialéticos para começar uma nova jornada.
Sinto que a vida de hoje é maior que a vida de antes e se não nos permitimos
fluir não poderemos evoluir como seres humanos. Faço, assim, minhas as últimas palavras
que meu amado avô me disse: Até logo!