domingo, 29 de abril de 2007

UM ENFORCADO INCÔMODO



UM ENFORCADO INCÔMODO
A grande ironia do enforcamento de Saddam Russein – que a grande imprensa procurou camuflar por todos os meios – foi o fato de ter sido condenado à morte por crimes cometidos em 1982, quando era apoiado pelos Estados Unidos e recebia em seu gabinete um Rumsfeld com o sorriso de garoto propaganda da indústria bélica. Não só os EUA, mas também a União Européia, o Japão, a Arábia Saudita e até a então União Soviética formaram uma santa aliança para abastecer de armas Saddam Hussein.
Foi no contexto da guerra contra o Irã – o satã do momento, ainda com o Aiatolá Komeine em vida – que Saddam mandou massacrar 148 xiitas, homens e crianças, na cidade de Dujail, nos termos da sentença do dia 5 de novembro e que o levou à forca a 30 de dezembro.O presidente Bush, em seu rancho no Texas, comemorou a execução afirmando que a justiça tinha sido feita. Uma comemoração de boca para fora, visto que numa época de festas, sobretudo de peregrinação para os muçulmanos, o enforcamento teve vários pontos negativos para as forças de ocupação do Iraque. Primeiro serviu para botar lenha na fogueira da disputa entre xiitas e sunitas, tornando mais quente a batata nas mãos dos invasores. Os vídeos do enforcamento mostrados à exaustão, principalmente nas televisões árabes, exibiram um Saddam enfrentando a morte numa postura digna, inclusive respondendo aos assistentes xiitas que o insultavam. Virou mártir no fim da corda. Nem precisou escrever uma carta como a de GetTony Blair percebeu tudo isso e preferiu ficar calado. No contexto da resistência iraquiana no início do quarto ano da ocupação, um Saddam morto, sua imagem com a corda no pescoço, condenado por um tribunal de um país ocupado, é muito mais eficaz do que um Saddam vivo desgastando-se num processo judicial com cartas marcadas. Afinal ele foi o ás do baralho de captura emitido pelos invasores estadunidenses.

Outro ponto negativo importante para os Estados Unidos e seus aliados é que as contradições internas no Iraque, sobretudo entre xiitas e sunitas, estão falando mais alto do que a defesa dos interesses ditos ocidentais. Em outros termos, os invasores não conseguiram até agora controlar, como queriam, o governo iraquiano que impuseram. Nem puderam ditar por trás dos panos a decisão do tribunal que julgou Saddam. Não foi sábio do ponto de vista político – e não venham dizer que a justiça é independente da política - remexer em crimes cometidos na época em que Saddam Hussein era o grande aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio. Por mais que a grande imprensa procure camuflar o fato, ele acaba aparecendo nas entrelinhas. Sobretudo para os árabes é impossível esconder a postura velhaca e desonesta da então administração Reagan. Enquanto fornecia armas e tecnologia ao governo iraquiano, no escândalo que ficou conhecido como Irãgate, negociava com o governo iraniano, clandestinamente, a fim de obter fundos e armamentos passados pela CIA aos contra da Nicarágua. Jogo duplo numa roleta de sangue.
Se Saddam foi condenado por crimes contra a humanidade, conforme a sentença que o levou à forca, os responsáveis pelo Irãgate e pessoas como o ex-secretário da Defesa Donald Rumsfeld também deviam estar no banco de réus. Afinal eles insuflaram uma guerra de oito anos que deixou um milhão de mortos. A memória é curta e muita gente já esqueceu as imagens de milhares de soldados iranianos mortos com armas químicas e biológicas produzidas pelo Iraque com tecnologia ocidental, sobretudo dos Estados Unidos. Não é bom remexer em tal lama. O enforcamento de Saddam Russein remexe, evoca imagens incômodas, faça o que fizer a grande imprensa que mama nas tetas das corporações que sustentam o império estadunidense. O mais provável é que os Estados Unidos, depois de perder 3 mil soldados na ocupação, tenham de aumentar a produção de sacos plásticos de empacotar cadáveres. Já não é preciso ter bons olhos e bom olfato para perceber que a ocupação do Iraque parece com a do Vietnã e tem o mesmo cheiro de sangue. Saddam é um enforcado muito incômodo. Nos Estados Unidos sua figura dependurada, enquanto a violência aumenta no Iraque ocupado, pode fazer muita gente pensar que talvez não valha tanto sangue por uns poços de petróleo a mais

4 comentários:

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  2. A praga Bush e seus aliados arderão séculos e séculos em azeite quente até que suas dívidas sejam purgadas. Satã e Sadan serão os seus diginíssimos anfitriões lá nos quintos dos infernos.
    Sizínio Alberto Filho.

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  3. nao otavio, nao é do bafafa
    é do www.anarco.net
    o tio tarcisio trabalha la como correspondente internacional, mas se vc é tao havido pela verdade, deve saber q o bafafa é so um repetidor como o meu blog
    As vezes a sua procura no google nao deve ter aparecido tb a dialogos virtuais onde o tio trarciso tb posta.
    Naoi esqueci de colocar o nome dele pq ele nao importa de nao aparecer

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  4. eu axo q vc devia passar a citar as fontes
    quem le pensa q o autor eh dono do blog

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